Quem conta um conto aumenta um ponto. Recontar, interpretar, ilustrar, reescrever, recriar, criar inícios, criar meios, criar finais. Criar um fato, vestir personagens, criar cenários, situar no tempo, enredar, enfeitar... Tantos verbos para verbalizar uma das tradições mais antigas da Humanidade, inventar histórias fantásticas, com área de romance, mistério, terror, suspense, aventuras. Cheias de heróis, heroínas, anti-heróis, objetos mágicos, enredando quem lê num mundo de encantos e fantasias. Como herança da humanidade, todas as crianças, adolescentes e jovens têm o direito de usufruir os contos, para beberem na fonte das inspirações e da criatividade. Conteúdo: Estudos textuais: O Conto e Charge. Conceito e características do gênero conto. Objetivo: Compreender as características do gênero e sua função comunicativa do Conto e da Charge. Identificar a estrutura e os elementos do conto. Interpretar Charge. Ano/Série: 7º Ano. 4ª Semana. Com os recursos disponíveis na Internet, textos, imagens, exemplos de atividades diversas, e a parceria dos professores da sala regular, tornam a adaptação das tarefas mais viável e mais divertida. Que o encantamento, os sonhos, as reflexões, proporcionadas pela leitura de contos, alimentem a alma das famílias e dos nossos alunos.
Um conto é
uma narrativa que cria um universo de seres, de fantasia ou acontecimentos.
Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens,
ponto de vista e um enredo.
Ler um conto é
viajar por diferentes realidades, em diferentes tempos, lugares e com
diferentes pessoas.
"O Gigante
egoísta", de Oscar Wilde
Conto infantil de
Oscar Wilde, de uma tradução de 1939, publicado na revista "Eu Sei Tudo".
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2016)
Todas as tardes, quando saíam da
escola as crianças costumavam ir brincar no jardim do Gigante. Era um formoso e
imenso jardim, atapetado de grama verde e suave. Aqui e ali, entre as árvores
muito altas, cresciam flores brilhantes como estrelas e havia plantas que, na
primavera, floresciam em delicadas corolas de rosa aljôfar e que, no Outono, se
carregavam de belas frutas. Os pássaros pousavam nas árvores e cantavam tão
docemente que as crianças a todo momento suspendiam seus divertimentos para
ouvi-los.
— Como tudo aqui é bom e bonito! — costumavam
exclamar, deliciados.
Um dia, o Gigante voltou. Tinha ido visitar
seu amigo, o Ogre de Cornwailles, e com ele permanecera sete anos.
Ao chegar, viu as
crianças brincando no jardim.
— Que fazeis aqui? —
vociferou, áspero e rubro de cólera, assustando terrivelmente os pequeninos,
que fugiram correndo.
— Meu jardim é meu
jardim! — continuou gritando. — Que todos saibam! A ninguém permitirei que nele
penetre e se divirta!
Com efeito, ergueu
uma elevadíssima muralha e nela pregou um cartaz: “É terminantemente proibida a
entrada, sob as consequentes penas!”
Era, realmente, um
gigante muito egoísta!
As pobres crianças já
não tinham onde brincar. Trataram de procurar distração na rua. Esta, porém era
cheia de poeira e semeada de rude cascalho. Não servia... Frequentemente
rondavam o alto paredão, relembrando as delícias do jardim, que havia além
desse obstáculo.
— Como era bom e como
éramos felizes! — diziam.
Quando chegou a
Primavera, toda a região se povoou de pássaros e se encheu de flores. Só no
jardim do Gigante egoísta reinava ainda o inverno. Os pássaros, como as
crianças, não cantavam e as árvores se esqueciam de florescer.
Certa vez, uma
formosa flor ergueu a cabeça dentre as plantas; porém mal viu o cartaz, ficou
triste, pensando nas crianças. Logo voltou a se esconder na terra, tornando a
adormecer. Os que se sentiam bem felizes eram a Neve e o Granizo.
A Primavera esqueceu
este jardim - diziam jubilosas e nele vamos viver o ano inteiro.
A Neve cobriu a terra
com seu grande manto branco e o frio pintou de prata as árvores. Depois,
convidaram o Vento do Norte... Que fosse passar uma temporada em sua companhia!
E o Vento do Norte
compareceu. Vinha envolto em peles e esteve rugindo, todo o dia, através do
jardim, derrubando as chaminés.
— Que deliciosa paragem! — exclamou
entusiasmado. — Temos que prevenir o Granizo, para que também aproveite.
E o Granizo surgiu.
Todos os dias, durante três horas tocava seu tambor sobre os telhados do castelo,
até quebrar a maioria das telhas e vidraças, ao fim do que, dava voltas, tudo
varrendo com violência. Chegara vestido de cor de cinza e seu hálito era como
gelo.
— Não compreendo por
que Primavera tarda tanto a chegar... — pensava o Gigante egoísta, quando
ousava se aproximar de uma janela, protegido por muitos cobertores e via seu
jardim completamente branco. — Mas o tempo há de mudar, breve!
Porém a Primavera não apareceu nunca mais,
nem o Verão. O Outono deu frutos dourados a todos os pomares e jardins, porém o
jardim do Gigante não viu um só sequer.
— É demasiado
egoísta! dizia o Outono.
Assim, ali, sempre
foi Inverno, enquanto o Vento do Norte, o Granizo, Chuva e a Neve dançavam
continuamente entre as árvores.
Uma manhã, estava o
Gigante ainda na cama, quando ouviu música, sumamente agradável. Tão meigamente
soava em seus ouvidos, que pensou ser o rei dos músicos quem passava. Na
realidade, era apenas um pardal que piava junto de sua janela. Porém havia
tanto tempo que ouvia cantar um pássaro em seu jardim, que aquela simples
sucessão de pios lhe pareceu a música mais bela do mundo. Então, o Granizo
suspendeu sua infernal dança e o Vento do Norte cessou de rugir. Logo um
delicioso perfume entrou pelas madeiras rachadas e as vidraças partidas.
— Parece que enfim
chegou a Primavera — disse o Gigante; e, saltando da cama, correu a uma janela.
E viu um maravilhoso
espetáculo. Através de uma brecha da muralha as crianças vinham e já estavam
trepadas nas árvores. Em cada árvore havia um menino e as árvores se sentiam
tão contentes, tendo-os novamente entre seus ramos, que se cobriram de flores
e, suavemente, com cuidado, balançavam seus braços sobre as cabecinhas
infantis. Os pássaros, inúmeros, voavam, cantando com alegria e as flores
surgiam radiosas entre as plantas novamente verdes e macias. Apenas num
cantinho reinava ainda o Inverno. Era o mais apartado recanto do jardim e nele
se achava um menino. Era tão pequeno que não alcançava os ramos das árvores e
volteava junto delas chorando amargamente.
A pobre árvore ainda
se achava completamente coberta de granizo e de neve e o Vento do Norte
soprava, rugindo contra ela.
— Sobe, menino! —
dizia a árvore — e baixava seus ramos, tudo o que era possível. Mas o menino
era realmente muito pequenino...
O Gigante sentiu derreter o próprio coração,
enquanto olhava.
— Quão estúpido fui!
— exclamou com voz rouca e difícil. — Sei agora porque a Primavera recusava
aparecer. Eu ajudarei esse pobre menino a subir; depois derrubarei a muralha e
meu jardim será para sempre o lugar de brincadeira das crianças.
Desceu correndo a
escada, abriu com cuidado a porta principal e se embrenhou pelo jardim.
Porém, quando o viram
aparecer, as crianças tomaram tão grande susto que correram atropeladamente e o
jardim ficou de novo sob os caprichos do Inverno. Somente o pequenino, o menor
de todos, não fugiu, pois seus olhos estavam tão cheios de lágrimas que ele não
viu a chegada do Gigante. Este se aproximou e, levantando-o suavemente entre os
braços, colocou-o no galho mais confortável. Logo a árvore floresceu e os
pássaros a encheram, cantando. Então o pequenino lançou os braços em redor do
poderoso pescoço do Gigante e beijou-o. Quando os outros meninos viram que o
gigante não era mau, voltaram correndo e com eles voltou a Primavera.
— O jardim desde hoje
é vosso... — disse o Gigante. E empunhando um tremendíssimo machado, derrubou o
muro.
O dia todo, as
crianças brincaram, enchendo o jardim com seus risos cristalinos no louco
zigue-zague de suas correrias. Quando anoiteceu foram se despedir do Gigante.
Mas onde está o
menino pequeno? — perguntou o Gigante, impaciente e assustado. — Aquele, que eu
ajudei a subir na árvore? Onde está o garotinho?
O Gigante o queria
mais do que aos outros, porque ele o beijara.
— Não sabemos — responderam
os meninos. — Já foi...
— Dizei-lhe que volte
amanhã pediu o Gigante.
Porém os meninos
explicaram que não sabiam onde ele morava e que nunca o tinham visto antes;
então o Gigante ficou muito triste.
Todas as tardes, ao
sair da escola, os meninos iam brincar no jardim. Porém o pequenino, que o
Gigante mais queria, não voltou a aparecer. O Gigante era muito bom para todas
as crianças, mas não podia esquecer seu amiguinho.
— Quanto me alegraria
se voltasse! — costumava repetir.
Passaram os anos. O Gigante
envelheceu e suas forças enfraqueceram. Já não podia tomar parte nos
divertimentos dos meninos. Sentado em enorme poltrona, ficava observando suas
brincadeiras para que não se excedessem e se machucassem, quando corriam por
seu belo jardim.
Numa manhã de
inverno, olhou pela janela, enquanto se vestia. Já não odiava o Inverno, pois
sabia que era tão somente a Primavera adormecida e que as flores estavam
descansando.
Repentinamente esfregou os olhos deslumbrado
e olhou mais uma vez...
Era certamente maravilhoso
o que via. No recanto mais afastado de seu jardim, havia uma árvore totalmente
coberta de flores brancas. Seus ramos eram dourados, frutos de prata pendiam
deles e... e junto dele, de pé, estava o pequenino que ele tanto estimava!
Cheio de alegria,
desceu correndo as escadarias, chegou ao jardim e quando se aproximou do
menino, seu rosto enrubesceu de cólera. Com voz sufocada pela emoção,
perguntou:
— Quem se atreveu?
Quem se atreveu a te ferir assim?
Porque nas palmas das
mãos do menino havia os rasgões de dois pregos, como de pregos eram os dois
rasgões de seus pezinhos.
— Quem se atreveu a
te ferir assim? tornou a gritar. — Dize-me para que eu o mate!
— Não! respondeu o
menino. — Estas são as feridas do Amor.
— Quem és tu? —
perguntou o Gigante. E um estranho temor se apoderou dele, fazendo-o dobrar os
joelhos diante do pequenino.
O menino sorriu e
disse:
— Tu me deixaste, uma
vez, brincar em teu jardim; hoje brincarás comigo em meu jardim, que é o
Paraíso.
E quando os meninos
voltaram, naquela tarde, encontraram o Gigante morto, debaixo da árvore, todo
coberto de flores brancas.
ATIVIDADES
1-Marque a resposta
certa:
a)
Era
uma vez...Esta história começa:
( ) Falando do personagem
( ) Contando a ação
( ) descrevendo o tempo
b)
A
reação do gigante, ao encontrar as crianças ,foi:
( )de susto
( ) de surpresa
( )de contentamento
c)
Ao
ouvir novamente o canto dos pássaros, o gigante sentiu:
( ) tristeza
( ) contentamento
( ) vaidade ( )
orgulho
d) A primavera voltou
a visitar o jardim do gigante porque:
( ) as chuvas começaram
( ) as crianças voltaram
( ) o gigante cuidou das flores
e) O gigante era egoísta:
( ) Gostava das crianças
( ) Queria o jardim só para si
( ) Não gostava de flores e pássaros
f)Antes de se tornar
amigo das crianças:
( ) O gigante era alegre.
( ) Sua vida era vazia e triste
( ) O gigante compreendeu seu egoísmo
2-Responda as
questões abaixo:
a) Como as crianças
conseguiram entrar no jardim?
b)Por que as crianças
tiveram que esperar o gigante viajar, para brincarem no seu jardim?
c)Qual foi a atitude
do gigante quando compreendeu seu egoísmo?
d)Copie o aviso que o
gigante colocou no jardim.
3- Todas as respostas
estão certas menos uma:
Por causa da maldade
do gigante:
( ) O Jardim continuava gelado e triste
( )Tudo se encheu de flores.
( )Os passarinhos não cantavam
( ) O jardim estava cheio de crianças
4-O antônimo de
gigante é anão
a) o antônimo de mau
é...................................
b) o antônimo de
triste é................................
c) o antônimo de
castigo é.............................
5-Numere de acordo
com os sinônimos das expressões destacadas:
1-Os pássaros
entoavam belas melodias (melodias) ( ) grama
2-Os pequenos
brincavam na relva. (relva) ( ) entendeu
3- O gigante
compreendeu seu egoísmo. (compreendeu) (
) lindas
4-O gigante ouviu
músicas maravilhosas. (maravilhosas) ( ) canções
5- Tire do texto, os
adjetivos (qualidades) de:
a) Gigante:
________________________________
b) jardim:
_________________________________
c) flores:
__________________________________
d) melodias:
_______________________________
6-Pontue o texto
abaixo:
O
gigante disse saiam do meu jardim
É
tão bom estar aqui disseram as crianças
Você
gosta do gigante egoísta.
2) Complete com as palavras
com as letras que estão faltando, procure as palavras no texto:
a) Os
pá________aros pou_______avam nas árvores e cantavam tão docemente que as crianças
a todo momento ______uspendiam seus divertimentos para ouvi-los.
b) As
______obres crianças já não tinham onde _____rincar. Trataram de ____rocurar di____tração
na rua. Esta, porém era cheia de ______oeira e semeada de rude cascalho.
c) Quando
chegou a _____rimavera, toda a região se povoou de pá______ros e se em______eu
de flores. Só no jardim do _____igante e_____oísta reinava ainda o in_____erno.
Os pá______aros, como as crian_____as, não cantavam e as árvores se esqueciam
de flore_______er.
d) Era
certamente maravilho_____o o que via. No recanto mais afas______do de seu ____ardim,
havia uma árvore totalmente coberta de _____ores brancas.
3) No jardim do Gigante pode ter estes tipos
de pássaros. Faça o que se pede na tarefa.
4)
Após visitarem a casa do Gigante, cada pássaro foi para uma lado. Faça o que se
pede.
5)
Escreva um pequeno texto sobre esta Charge, com a ajuda de sua família.
Ante os olhos vivos e atentos
A vida escancara suas
belezas
Espalha pelos ares
seus encantos
Sua bela poesia e sua leveza
Em pétalas macias e rosadas.
Prof.ª Mestre Maria Nazaré Ribon Silva
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